Vinícius, meu reizinho

 Eu assisti a um filme em que um menino de 11 anos havia desaparecido, sua mãe e sua família, obviamente, ficaram destruídos. A mãe nunca desistiu de procurá-lo e esperar por ele. No decorrer da história, ela conhece outra mãe, cujo filho havia desaparecido também e tempos depois foi encontrado morto.

Essa última mãe falou para a primeira que com o passar do tempo, é preciso fingir, diante de todos, que está tudo bem e, mesmo morta por dentro, seguir sozinha a busca pelo filho.

Acordei hoje pensando nisso - fingir que está tudo bem!? 🤔 Aqui não tem como! O meu rosto, os meus olhos denunciam que a situação não é boa. A impotência acaba comigo! Entrar no quarto e vê-lo se "afogando" em saliva e não poder fazer nada de efetivo é desesperador. 

Lavar e secar o cabelo, passar um pó no rosto, um batom nos lábios na tentativa de disfarçar a tristeza acaba sendo em vão. O que eu tentava abafar há tempos no interior, agora exala no exterior, naturalmente.

Eu disse para o Edinho ontem no telefone - está tenso, Preto! Ele falou - eu sei, "neném", está tenso para mim que viajo e não fico aí o tempo todo, imagina p/ vc!?

Talvez agora seja o momento de viver, sem disfarces, toda essa tristeza, de sentir todo esse peso que faz doer o meu corpo. Eu durmo, quando acordo, sinto meu corpo padecendo, ombros, pescoço, coluna, mas nada como a dor e o cansaço que vão na alma. 

Dobro os meus joelhos e consigo dizer para Deus - Misericórdia, Senhor! Tento orar, louvar, mas não flui. Então, levanto e faço o que tem para fazer - cuido do meu filho.

Ana Liz, anteontem, veio para o meu lado e disse - mãe, tô com vontade de chorar! Eu abaixei, olhei nos olhos dela e falei - "filha, os dias estão muito difíceis! Mas, nós temos uns aos outros. Vc tem a mim e seu pai. Nós temos você e seu irmão. O Vini tem a nós. E todos nós temos Deus. Ele nos ajudará a enfrentar toda a situação. Eu amo vc!" E nos abraçamos forte...