Eu posso falar, por que já vivi a situação, que a coisa mais dura de se ouvir para um pai e para uma mãe é " seu filho é portador de uma doença incurável pela medicina."
Quando foi diagnosticada a adrenoleucodistrofia no Vinícius, eu e Edinho fomos à Curitiba, no Hospital das Clínicas, conversar com a Dra. Carmen Bonfim, especialista em transplante de medula óssea, para ver o que poderia ser feito pelo nosso filhote. Infelizmente, no caso de ALD, quando há algum sintoma já desenvolvido, não se tem critério para o transplante e foi o que aconteceu conosco. Quando fomos lá, o Vini já não interagia com o meio, o comportamento dele já estava bem alterado.
A Dra. Carmen foi bem direta e realista, dizendo: "Voltem p/ a cidade de vcs e procurem um psicólogo, por que a vida do filho de vcs será curta e sobre uma cama".
Com palavras não é possível descrever o nosso sentimento....medo, angústia, impotência, revolta, dor, dor, dor, dor....
E aí, qdo chegamos em Campo Grande, começou a minha busca pela cura do Vini. Meu coração estava destruído, eu não conhecia a Palavra de Deus, e fiz tudo o que estava ao meu alcance pelo meu filho. Longe de mim falar de religião, só estou relatando aqui o que aconteceu comigo.
- Levei meu filhote a um centro espírita, por cerca de 08 meses, onde ele era submetido a cirurgia espiritual. Eles diziam que o Dr. Reinaldo, um médico que operou na 2ª Guerra Mundial, iria deixar o Vini bom...o Reizinho vinha p/ casa todo cheio de esparadrapo;
- Eu participava das novenas, toda quarta-feira, para Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Levava fotos do Vini e colocava embaixo do manto dela;
- Eu imprimia da internet, um tanto de rezas para todos os santos e quando chegava a noite, eu dava um pouco p/ o Edinho e dizia pra ele "faz um pouco, me ajuda" e acendia uma vela p/ cada santo;
- Eu mandei uma carta p/ o mosteiro e consegui as pílulas do Frei Galvão e como o Vini já não deglutia mais, eu passava pela gastrostomia;
- Eu levei o Vini a um macumbeiro, q/ disse q/ um espírito maligno estava no meu filhote e que era necessário baixar a preta velha p/ amarrá-lo, sem pestanejar eu disse "então, baixa a preta velha e amarra o espírito";
- No centro espírita me falaram que eu tinha que rezar p/ São Cosme e Damião, por que eles são os santos das crianças e lá vai eu rezar e implorar pra que eles fizessem alguma coisa;
- Falaram-me do Johrei, que é purificação do espírito pela energia das mãos, eu levei o Vini a um lugar que faziam isso;
- Fiz promessa p/ todos os santos e se alguém me falasse de um santo novo eu fazia tb: São José, São Judas Tadeu, Nossa Senhora desatadora dos nós, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora Aparecida, Santa Rita, etc;
- Eu e Edinho levamos o Vini em Aparecida do Norte, para apresentá-lo diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida;
- Fiz simpatias que me ensinavam;
E se me falassem que a cura do Vini estava na LUA, era pra lá que eu ia.
O meu desespero era tanto, vendo meu filho perder tudo...ele já não falava mais, não comia mais, não sorria mais, foi perdendo a força das pernas, que não importava o que eu tivesse que fazer, eu queria tê-lo de volta, eu queria tê-lo bem, queria vê-lo sorrindo de novo. Fiz tudo isso, mas, nada adiantou.
Até que Deus teve misericórdia de mim.
Alguém (ou todos) pode dizer "mas, seu filho não está curado". Realmente, ele não está. Mas, eu vi Jesus entrar na minha casa e onde havia desespero, Ele trouxe paz, onde havia brigas, desentendimentos, Ele trouxe união, Ele trouxe esperança, fé, Ele me fez sonhar de novo, Ele me ensinou um tantão de coisa que eu não sabia, Ele me ensinou a amar com um amor puro e incondicional, Ele me ensinou valores que eu não tinha, Ele me ensinou que podemos estar num casebre, comer arroz e feijão apenas, mas, tendo saúde, amor e a presença d'Ele é o que basta.
E assim, eu parei de correr atrás de coisas vazias, de enganos, que não me levavam há lugar algum, pelo contrário, deixavam-me inquieta e impaciente e hoje, eu espero em Deus, eu conheci Jesus e minha vida mudou, sei que Ele está a me segurar pelas mãos.
Consigo acreditar que coisas boas virão.
Ainda bem, nem precisei ir até à lua rsrs