Vem, ocupa o Seu lugar!

 A vida vai seguindo seu fluxo. As coisas vão se ajustando sem o meu Reizinho. Dia 07, fará 6 meses que ele partiu. E dia 18, seria o aniversário dele. Em resumo,  nós todos estamos nos redescobrindo. Eu com a minha "independência" agora. Sou esposa, sou mãe da Ana Liz, mas sou mulher, tenho minha vida própria e não mais a vida totalmente dedicada ao Vini. Edinho pode desfrutar mais da minha companhia, estamos fazendo mais coisas juntos ou não fazemos nada juntos. Ana Liz é nossa maior prioridade, agora ela tem minha atenção em tempo integral. É tudo novo para nós. 

 Semana passada, eu  me consagrei ao Senhor, jejuando e orando por 3 dias.  No sábado de manhã,  eu estava sozinha em casa, vim para a sala orar e comecei a cantar assim - Vem, ocupa o Seu lugar; Vem, ocupa o Seu lugar; Vem, ocupa o Seu lugar, no centro das nossas vidas! Eu cantava em lágrimas de gratidão e alegria. E enquanto eu cantava,  o Senhor foi se revelando a mim e Ele disse algo de grande impacto - Quando nós O colocamos no lugar que lhe é devido, todas as demais coisas ficam em seus devidos lugares! O lugar dele é no centro da nossa vida. Quando Ele está no centro, nós somos direcionados pelo Espírito Santo e agimos de modo íntegro e correto. Mas quando nós O deixamos de fora, achamos, equivocadamente, que estamos no controle da nossa vida, aí agimos por nós mesmos e fazemos tudo errado, as coisas ficam fora do lugar.

Enquanto Deus falava comigo,  foi passando um filme na minha cabeça de tudo o que vivemos com nosso filho e como o Senhor nos sustentou em todos esses anos. Não tem como um pai e uma mãe presenciarem o filho se degenerar,  morrer aos poucos, por quase 19 anos e ainda permanecerem em pé, equilibrados e estruturados,  se Jesus não tiver no centro.  Eu O coloquei no lugar que é Dele e Ele segurou a minha mão,  durante toda a caminhada, para que eu conseguisse cuidar do Vini. 

Agora o tempo é outro. Estamos aprendendo a viver sem nosso grande amor. A tristeza vem, mas saber que ele está livre do sofrimento traz alívio para a alma. Ter cuidado do Vini com tanta dedicação me faz forte para prosseguir.

Sigamos. Deus conosco. Deus no centro. 

 07 de agosto - 5 meses sem vc. Como de costume,  eu, seu pai e sua mana fomos ao cemitério. 

Logo de manhã,  eu pensei - 5 meses da libertação do meu filho, 5 meses que ele está livre. Esse é o meu maior consolo. Vini não merecia a sobrevida a qual ele estava submetido. Lá no cemitério,  a Ana Liz perguntou - por quê???? Eu respondi - por que ele não merecia aquela vida. Edinho disse - tem que perguntar o porquê da doença, uma doença maldita.

Aqui, não vamos entender por que nosso Vini passou por tudo o que passou. Sempre questiono o Senhor, por que Ele permitiu tantos anos de uma sobrevida...

Deus, nossas vidas estão em Suas mãos!

Escrevem por aí  - luto eterno. Sim, o luto é eterno, é para sempre. Não há palavras que o definam, ele é vivido, é sentido. 

Assim que o meu Vini partiu, parecia que eu estava mais forte, mas com o passar dos dias, a tristeza tomou conta de mim. Eu chorava muito, todos os dias. Não precisava de motivo,  na verdade o motivo já existia, a falta do meu Reizinho, a saudade que dilacera a alma. 

Eu sei que ele está livre, livre de dor, livre da doença,  da sobrevida. Mas a todo momento,  eu tenho que afirmar e reafirmar que ele está num lugar melhor. Quando estou muito triste, trago à lembrança o sofrimento causado pelas infecções, pelas aspirações,  enfim, por todo o quadro. Meu filho está livre!! Só que as sequelas de tudo o que aconteceu com ele foram grandes demais! Eu fiquei PERDIDA! Sei que vou me refazer com o tempo, mas por agora, continuo desorientada. 

O luto é a vivência sem o ente querido. É se deparar com o quarto vazio e sentir o vazio  no peito. É viver com um buraco na alma, algo inexplicável,  somente vivido, experenciado. 

Não sou mais a mesma! Quando eu tinha meu menino doente, eu já era diferente da Cristiane de antes da tragédia. Agora, sou diferente da Cristiane que lutou bravamente pelo filho doente. Parece que sou frágil,  sensível, que minha força se foi junto com ele. Reflexo do luto sentido na pele.

O luto é para sempre, pois não terei meu filho de volta. Os sentimentos vão mudando. Já não choro a todo momento, nem todos os dias. Estou me reconstruindo, com  a graça de Deus. Quero a força de antes!

 

07 de julho,  4 meses sem você,  meu filho.  A saudade faz doer tanto o peito, que lágrimas escorrem pelo rosto.

Eu, seu pai e sua mana fomos ao cemitério.  Dá a  impressão que conseguimos ficar mais próximos de você.

Meu amor vai daqui até o céu,  meu Reizinho 💙

 Hoje é o meu aniversário.  O primeiro sem meu Vini.  Logo de manhã,  Edinho postou uma foto e escreveu - hoje estamos só nós três,  mas sempre seremos quatro. É claro que não segurei as lágrimas...

Obrigada pela minha vida, Deus! Sou sua serva e totalmente dependente do Senhor. Entrego meus projetos em Suas mãos.

Parabéns para mim! 👏👏👏

 Só hoje, conseguimos devolver a cama hospitalar que o Vini usava para a Nira, mãe do João Paulo.  Quando o João faleceu,  ela nos emprestou e o combinado era que quando não usássemos mais, devolveríamos. Edinho comentou que parece que estávamos protelando, que enquanto tínhamos a cama no quarto dele, parecia que tínhamos um pouquinho do Vini ainda..

Foi estranho. O quarto ficou vazio.  O rapaz do frete levou a cadeira de banho também. Estranho e triste. As coisinhas do Vini sendo doadas, devolvidas. Ana Liz falou, várias vezes, do quarto vazio. Minha mãe almoçou conosco e assim que chegou, foi ao quarto dele, suspirou e falou da saudade que ele deixou.

Um quarto vazio, mas cheio de histórias. Nele eu chorei muito, orei muito e passei a maior parte do meu tempo. Tenho poucas coisas do Vini ainda comigo, mas a presença dele vou carregar para sempre. Meu Vini, minha história. 

 Três meses sem você conosco, meu filho. Eu, seu pai e sua mana sentimos muito a sua falta.  Você é o nosso grande amor! 💙💙💙