Sábado passado fomos ao cemitério. Temos que fazer a plaquinha com o nome do Vini, queremos colocar areia e pedrinhas brancas em volta. Ele está junto com o Wilder, meu irmão.
Terça-feira fui ao escritório da pax, retirar a certidão de óbito, sensação estranha - vc assina um protocolo, onde está repleto de assinaturas de pessoas que retiraram a certidão dos seus entes. No mesmo dia, fui à Unimed dar baixa no contrato e fui ao CEM, devolver medicamentos e dietas.
Interessante que o tempo não para p/ vc sofrer, ele continua acelerado, as pessoas vivendo normalmente, cada um resolvendo seus problemas. E a gente tem q seguir, com dor, com pesar, desbaratinado, mas não dá para parar, pois tem um tanto de coisas que dependem da nossa ação.
Doei o guarda-roupa do meu Reizinho para o namorado da Nicolly, nossa sobrinha. Quando fui desocupá-lo, não contive as lágrimas. Dói tanto! Mas eu pensei - eu aguentei o diagnóstico, depois o curso da doença, depois a morte dele, desfazer das coisas dele é bem mais fácil que tudo isso.
Eu e Ana Liz vamos ficar com as camisetas e com as meias dele. Minha mãe e duas irmãs minhas querem uma camiseta. Minha mãe quer um par de meias também. Vou ficar com o travesseiro e com as almofadas, tem o cheiro dele. Levei para a Romilda, os shorts, as regatas e lençóis, ela doa para uma família carente, com vários filhos. Guardei a bucha, o perfume, o potinho que eu colocava água para lavar o rosto dele e mais algumas coisinhas..
Ainda não devolvemos a cama, mas quero providenciar a entrega. É ruim me deparar com ela vazia quando entro no quarto dele. Não que isso vai preencher o vazio da ausência dele, esse eu vou carregar para sempre.
Sempre disse que se um dia meu filho partisse, do quarto dele eu faria um cantinho feliz. Quando for possível, quero montar uma academia , pois eu amo treinar - forrar com tatame, colocar uma esteira, alguns aparelhos, papel de parede e uma TV. Ah, quero um quadro grande com a foto da nossa família. Edinho e Ana Liz gostaram da ideia.
Sigamos. Deus conosco e meu Reizinho no nosso coração.
Acho que essa é a parte mais difícil de se despedir de alguém e ter que continuar.O mundo não pára para acolher a nossa dor,a morte é um momento pra todos os outros e pra quem perde um ente,é como que eterno.
ResponderExcluirEu particularmente acho muito interessante a ideia de ressignificar o quarto do Vini.
Deixar aconchegante,proveitoso para outras atividades,mas ao mesmo tempo com fotos ou coisas que remetam a lembrança dele e de vocês juntos.
Viva o seu luto,no seu tempo,sem deixar que o luto se torne parte de vocês.
Um abraço
Cada dia uma nova despedida, mais um pedacinho de história sendo reconstruído e guardado. Obrigada por continuar compartilhando com a gente sua rotina. Me sinto parte de sua família sem ao menos trocar uma palavra pessoalmente contigo. Um fraterno abraço.
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